sexta-feira, 17 de março de 2017

Metodologia em Ensino de Geografia (3ª aula)

Iniciámos a aula a falar do positivismo corográfico (1850/1894):
- Regeneração de Fontes Pereira de Melo: desenvolvimento interno – agricultura e transportes; consolidação do Império – enviar colonos; expansão do conhecimento do território português.
Geografia passa mais para corografia (coro-região):
- José Félix Pereira (1850): a geografia da nossa pátria é a que mais nos interessa. "Porque vou escrever sobre o mundo se o que me interessa é o meu país."
A geografia começa a atingir o seu apogeu:
- Félix Pereira (1852, autor escolar): cria o conceito de Portugal Continental; geografia: instrução secundária: 1850: Portugal Continental; 1852: Portugal Peninsular,
- Em 1860 o governo determina estudo de Portugal e das suas colónias e os autores aderem.
- Em 1875: criação da sociedade de geografia de Lisboa ("por mares nunca antes navegados"), parecer nº 1: autonomia do ensino de geografia.
-  Interesse pelo funcionamento do país (cidadania), entusiasmo pelo seu desenvolvimento (exemplo do desenvolvimento: os caminhos de ferro).
- No dia 20 de Outubro de 1888 a disciplina de Geografia dissocia-se da de História (deve-se às nossas colónias - o império português, por exemplo em Espanha e em França a História e a Geografia ainda permanecem juntas).
- Em 1889 o programa de geografia baseia-se mais no império português (o seu território) mas progressivamente a geografia é alheada das dimensões política e social dando atenção ao estudo das relações do Homem com os outros seres vivos na fase final.
Entre 1894/95-1948 encontramos uma geografia sobrevivente, ou seja, não desaparece mas perde o seu prestigio:
- No dia 14-08-1895 no regulamento geral do ensino secundário encontramos uma reunificação disciplinar da geografia e da história.
- No dia 8 de Setembro de 1918 encontramos no Regulamento da Instrução Secundária Art. 13.º O curso geral compreende as seguintes disciplinas: língua portuguesa, língua latina, língua francesa, língua inglesa, geografia e história (encontram-se separadas novamente).
- 27/09/1930 - disciplina de Ciências da Natureza (Programa do Ensino Secundário de 1930, observações: a concentração do ensino da geografia e das ciências naturais numa só disciplina a que se juntaram rudimentos de física e de química, constituindo-se assim a disciplina de Ciências da natureza, obedeceu a dois fins: diminuição do número de professores e descongestionamento do programa da 3.ª classe).
- Em 1936: Ciências Geográfico-Naturais (1º- 3º anos) e Ciências Geográficas (7º ano).
- Em 1942/3 - criação dos centros de estudos geográficos (Coimbra e Lisboa); pós 2ª guerra mundial; anti-colonialismo.
Ciclo do Segundo Nacionalismo:
- Estatuto Liceal de 1947: Ciências Geográfico-Naturais (1º e 2º anos) e Geografia (3º ao 7º ano);
- 1ª fase (Estado Novo) Eclosão das guerras de independência nos anos 60 reforça papel da Geografia;
- 25 de Abril de 1974: Geografia e História no “banco dos réus”- Experiências de Ciências Sociais e de Ciências do Ambiente;
- 2ª fase (até à reforma de 1989, implementada em 1992);
- A partir de 1977/78: Reintrodução da disciplina de Geografia 8º ano – Geografia de Portugal; geografia é rapidamente recuperada para reidentificar os portugueses com o seu país, agora limitado ao continente europeu e arquipélagos adjacentes;
- A disciplina encontra-se esgotada num ensino memorístico e em 1987 existia um receio quanto à sobrevivência da disciplina de geografia e por isso cria-se a Associação de Professores de Geografia.
- Em 1986 Portugal adere à União Europeia e em 1989 existe uma reforma curricular criando a Geografia da Europa (7º ano).
- Há uma tentativa de renovação didáctica, ou seja, os programas avançam com: atitudes/valores, capacidades/competências, conhecimentos e esforçam-se em sugestões metodológicas;
- No ensino secundário (10º e 11º ano) - geografia de Portugal e no 12º ano - introdução ao desenvolvimento económico e social;
 
 Esta tabela mostra-nos como está dividida a geografia ao longo dos três ciclos de ensino, ou seja, no 1º ciclo os conteúdos relacionados com a geografia são leccionados na disciplina de estudo do meio. No 2º ciclo encontra-se em história e geografia de Portugal e só a partir do 3º ciclo e no ensino secundário a geografia encontra-se sozinha.  


- Em 2001 houve uma reorganização curricular e passou-se a ter um ensino por competências.
Como podemos ver na figura seguinte, o ensino no terceiro ciclo de ensino básico está dividido em seis grandes temas.
Os temas são:
1. A Terra: estudos e representações;
2. Meio Natural;
3. A População e Povoamento;
4. Actividades Económicas;
5. Contrastes de Desenvolvimento;
6. Ambiente e Sociedade.

"À Descoberta de Portugal, da Europa e do Mundo" com isto, podemos também visualizar que há uma escala que não é utilizada, a escala local (não está no ADN da geografia do país - faz parte da geografia anglo-saxónica).

- Em 2007 foi criado o Mestrado em Ensino da História e da Geografia e em 2015/16 houve uma separação no mestrado criando assim o Mestrado em ensino de Geografia e o Mestrado em Ensino de História.
- Em 2013 são criadas as metas curriculares, desenvolvidas em Coimbra de forma a marcar a tradição.
- Em 2017, voltamos a ter um ensino por competências.
E o currículo de Geografia vai-se reconstruindo…sem fim! 
Algumas fotografias de manuais de geografia: 
Manual Escolar de Geografia 1907

Manual Escolar de Geografia 1936

Manual Escolar de Geografia 1967 - Nele não se encontrava nenhuma parte de Geografia Humana

Os capítulos deste manual eram:
1. Introdução Cosmográfica
2. Geografia Física
3. Biogeografia
4. Geografia Humana
5. Geografia Económica
Manual Escolar de Geografia que deixa de estar em vigor depois do 25 de Abril

Manual Escolar de Geografia de 1994 - importância dada à Europa, onde todos os temas começavam com a Europa:
1. A Europa: dimensões e fronteiras;
2. Uma Europa de Contrastes espaciais;
3. Uma Europa de qualidade de vida desigual;
4. Uma Europa de equilíbrio ambiental frágil. 


Sem comentários:

Enviar um comentário